18 de outubro de 2013

A Paixão



Comecei a estudar para AFT da mesma forma que tinha recomeçado para AFRFB: montando o programa de estudo e reunindo o material necessário, tudo com base no edital anterior.

Diferente de antes, agora estava morando muito longe do trabalho, o que dificultava um pouco. Então baixei umas aulas do EVP, converti em arquivo de áudio, e colocava no carro no trajeto casa-trabalho-casa. Rendeu bastante. É uma técnica que recomendo.

Como no passado, achava que o edital sairia logo após a segunda fase do AFRFB 2012, mas isso não aconteceu. E eu fui ficando mais ansioso. Primeiro para acabar com o programa do edital anterior e segundo para ver algum resultado concreto do meu estudo. O começo tinha sido muito produtivo, mas, com o passar do tempo, fui perdendo a motivação e diminuindo o ritmo de estudo (erro recorrente).

Até que chegaram as festas de final de ano. Tirei uns dias de férias que iam vencer e, quando voltamos, surgiu a oportunidade de nos mudarmos para um lugar mais próximo do trabalho. Era tudo o que queria (mas não deveria).

A mudança se tornou uma desculpa para não estudar. Sempre tinha algo para arrumar na casa e algumas coisa para comprar. Inventei de confeccionar umas estantes para guardar uns livros e uma mesa de estudos que eu não tinha. Aquilo me tomou uns meses. Ao mesmo tempo comecei a pensar que minha atual atividade não era tão ruim assim e que a remuneração até que era satisfatória.

Hoje vejo que tudo isso era reflexo de uma preguiça derrotista e medo do fracasso. Tem um livro antigo que uma amiga me emprestou uma vez que fala sobre isso. Vou pedir para escrever sobre isso.

Voltando. Da mesma forma que achava que o trabalho não era tão ruim, ele mesmo, aquele trabalho, dava um jeito de mostrar que era sim e que eu não tinha o perfil para aquilo. Até que tomei vergonha na cara e voltei a estudar.

Tarde demais. Parece mentira, mas cerca de um mês depois saiu o edital para o AFT 2013. Uma bomba para mim. A banca seria o CESPE e o conteúdo programático uma confusão. Depois falo mais sobre ele.

Enfim fim. Dei novamente o máximo que pude. Tirei novamente férias (pode parecer que não, mas só tenho 30 dias/ano de férias igual a quase todo mundo). Fiz nova programação. Agora tinha que dar conta de Contabilidade (que já tinha esquecido os conceitos), me aprofundar em Economia do Trabalho (pois iriam cair questões discursivas também) e Direitos Humanos. Sem esquecer as demais, principalmente SST e Legislação do Trabalho.

As provas da primeira fase (manhã e tarde) vieram totalmente estranhas. As NR quase não foram cobradas. Vieram uma questões loucas sobre doenças do trabalho que achava absurdo se caíssem (e caíram). Enfim, uma total incerteza sobre o resultado. Mas, embora soubesse que não tinha feito uma boa prova, ainda tinha esperança.

Veio o gabarito provisório. Junto, um balde de água fria para várias pessoas. Questões que eu tinha certeza o gabarito dizia o contrário. Começaria a fase dos recursos (depois posto eles aqui). Só eu fiz 17, pelo menos 12 com fundamentações inquestionáveis (para mim, claro). 

No dia 01/10/2013 saiu a sentença (gabarito definitivo manhã e tarde). Teria que me dedicar mais para alcançar o sonho. Porém havia descoberto o que eu queria fazer da minha vida. Não pelo salário ou por status, mas por gostar da atividade, por ter visto a real importância do cargo para a sociedade.

O Prof. Ricardo Resende fez um favor pra nós e tem publicado no seu site o Manual do Futuro AFT, cuja leitura é recomendadíssima para quem está pensando em ou pretendendo ser um AFT, ou ainda se preparando para tal. Nesse manual ele fala sobre a carreira de Auditor Fiscal do Trabalho, sobre o concurso e estratégias de estudo, e uma espécie de bizuário sobre o AFT e o concurso.

Voltando. Ao estudar Direitos Humanos e, mais profundamente as NR, o próprio Direito do Trabalho, além de Economia do Trabalho e Sociologia do Trabalho, vi que tinha me apaixonado (sem querer ser piegas, mas...) pela carreira.


Dessa última publicação vou extrair um relato apenas para ilustrar a importância do cargo:
O Caso José Pereira
Em setembro de 1989, quando tinha somente 17 anos, José Pereira e um com- panheiro, com o apelido de Paraná, tentaram escapar de uma fazenda onde eles e outros 60 trabalhadores eram forçados a trabalhar sem remuneração e em condições desumanas. Eles foram surpreendidos por funcionários da fazenda e atacados com tiros de fuzil. Paraná morreu. José Pereira sobreviveu porque foi julgado morto. Ele e o corpo do companheiro foram enrolados em uma lona e abandonados na rodovia PA-150.
 Por tudo isso que disse no post anterior (7 erros e 4 acertos!) que meu 1º erro nessa caminhada de concurseiro tinha sido escolher ser Auditor da Receita devido à remuneração principalmente. Nada contra quem escolhe sua atividade por esse motivo, afinal, cada um de nós sabemos o que melhor pra nós mesmos (ou pelo menos deveríamos saber), mas ainda acredito na realização profissional em algo que eu me sinta satisfeito em fazer.

Embora tenha ciência de que essa paixão seja fruto do meu imaginário, pois ainda não atuei como AFT e não sei a realidade do cargo, espero em breve viver essas experiências que devem ser muito gratificantes, poder ajudar diretamente a melhorar a vida das pessoas.

O que você achou? Compartilhe sua experiência conosco, suas angústias, seus aprendizados, suas críticas. Comente abaixo.

Um comentário:

  1. Sou apaixonada pelo cargo também. Quando tenho preguiça de estudar lembro-me de duas coisas: minha vó que quando criança era cortadora de cana, mas que mudou radicalmente sua história e dos seus descendentes tendo o estudo como prioridade; e a vontade de ajudar tantas outras pessoas que se encontram vivendo em situações precárias. Óbvio, o salário é uma motivação também. Mas o cargo de AFT proporciona uma enorme gratificação pessoal de estar sendo útil para melhorar a vida de alguém.

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